José Rezende Jr.

Professora da USP, crítica literária e consultora de escritores, Marcia Lígia Guidin analisou os 13 contos de “Os vivos e os mortos”, em artigo para o Rascunho.
Eis um trecho:
“Concentrado em registar a miséria humana, ainda que (talvez por isso mesmo) dissimulada ou invisível, Rezende, como Machado de Assis, parece não acreditar na gratuidade das ações humanas nem na ágape cristã. Investe, ao contrário, no registro da perversão, da maldade e na imperfeição dos sujeitos urbanos. Para isso, traz tortuosos personagens, dissonantes e maculados, cujas fraturas morais e ideológicas são expostas francamente. Talvez por isso, este autor tenha encontrado no gênero conto a medida ideal para sua literatura.”
Foto: Andra Jubé
Trecho do conto “Ulisses – a Odisseia (ou: Como a literatura salvou minha vida)”
(...) eu ouvi os tiros pow pow pow e eu senti quando as balas entraram nas minhas costas (...) eu olhei pra trás e o PM continuava correndo na minha direção e o cano do revólver ainda tava fumegando, daí eu levantei e corri ainda mais rápido, ainda com mais vontade de viver (...) sentei pra descansar e tirei a mochila das costas, e vi os três buracos na mochila, e abri a mochila e vi os três buracos no livro, vi as balas que entraram mas não saíram, as balas ficaram ali, numa das mil páginas do livro que tinha o meu nome na capa. O livro salvou minha vida. (...)
O que dizem por aí
Sérgio Maggio para o Metrópoles
29, de novembro de 2016
José Rezende Jr. é um ficcionista surpreendente. Ele não nos conduz ao óbvio. Ulisses, aquele humano-assassino, diz ser salvo pela literatura quando esbarra num livro de mil páginas. Mas não é nada disso que a nossa mente ávida por soluções imediatas aponta. São contos trabalhados nas miudezas das palavras.