top of page
Buscar

CRÔNICAS ESCRITAS COM SANGUE

Atualizado: há 6 dias

Correio Braziliense, 12 de dezembro de 1999 Por José Rezende Jr. Fotos: Nehil Hamilton @nehil_hamilton

Conteúdo Sensível

O soldado do Batalhão de Operações Especiais pula e ri enquanto atira nos trabalhadores com a espingarda calibre 12, que aloja no mecanismo interno balas de borracha (ou talvez de chumbo). “Aqui é o Bope, galera!”, ele grita. Os manifestantes correm em desespero. Mas alguns ficam estendidos no chão. Entre eles, um morto e dois cegos.


 

greve dos servidores Novacap 1999

QUANDO CHEGAM AS ONÇAS


   A jardineira Otacília Fernandes da Silva não tem um centavo na mochila. Tem na conta: R$ 4,00. Mas  a agência do BRB só vai abrir ao meio-dia, quando talvez seja tarde demais. Resta a última esperança: o caixa eletrônico. “Será que dá pra tirar R$ 4,00 na máquina?”, pergunta Otacília, oito filhos, 50 anos de idade e 14 de Novacap, salário de R$ 470,00 e dívida de R$ 400,00 com o banco. “R$ 4,00 é pouco, a máquina deixa tirar não”, responde o colega. Só por isso, por não ter como pagar a passagem do ônibus, Otacília não arreda o pé desta assembleia que, ela pressente, não vai acabar bem.


    Otacília está sentada no meio-fio, perto do portão. Apanhou a toalha – que divide espaço na mochila com a marmita – para esconder as pernas dos olhares dos homens. Sentada no meio-fio, vê quando o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Paulo César Timótheo, empunha o alicate gigante e se prepara para cortar a corrente que abrirá caminho para a entrada e saída pacífica de carros e caminhões, dando fim ao piquete dos sindicalistas. 


    É quando começa o fim do mundo.


    O mundo acaba em fogo e água, chumbo e borracha, fumaça e estrondo. Otacíliacorre, mas a bala é mais ligeira. A bala de borracha atinge sua perna, logo abaixo do quadril. A perna arde, mas ela continua a correr, em direção à parada do ônibus (o ônibus que não pode pagar, mesmo com R$ 4,00 em conta corrente). 


    Otacília continuaria correndo, apesar do coração doente, da dor da bala de borracha, do jato fedorento de água ­disparado pelo caminhão Brucutu ­que empesteia a roupa e o corpo e talvez não saia nunca mais. Continuaria correndo, não fosse a bomba, da qual se lembrará mais tarde: “Era uma lata parecendo litro, cheia de alguma coisa, que soltava um gás”.


    Otacília respira o gás e não vê mais nada. Não vê que os colegas a carregamnos braços, perto do portão ainda trancado porque a própria polícia não deixouo tenente-coronel Timótheo cortar a corrente. Não vê que o Brucutu cansou de dar cavalo de pau no gramado jogando água fedorenta e ameaçando atropelar o povo. 


     Não vê que o Brucutu toma distância e arranca na direção do portão, por onde agora passam os colegas com ela nos braços. Não vê que ela e os colegas escapam por questão de segundos e centímetros do Brucutu que estoura o portão. Otacília não vê nada disso, mas sabia de tudo isso desde que pensou nos inúteis R$ 4,00 que ainda tinha no banco.


   “Sabe desde quando eu sabia?”, pergunta mais tarde, em casa, em Planaltina, depois que o fim do mundo acabou. “Desde que vi chegando aqueles polícias de roupa rajada”. Os do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Otacília? “É, os vestidos de onça”, confirma.


   Mineira de Unaí, Otacília nunca foi de confiar em onça. Ainda mais armada com espingarda calibre 12.




O MEDO DE BIGODE DIANTE DO PORTÃO


   “Ô Bigode, não corta não.” Bigode hesita. Entrou na Novacap sem concurso, pela porta do Instituto Candango de Solidariedade (ICS), aberta pelo governador Joaquim Roriz. É por isso que Bigode não tem nada a ver com essa manifestação comandada pelo Sindicato dos Servidores Públicos (Sindser), que é filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), inimiga do homem que lhe arranjou esse emprego que não paga muito, mas é um emprego. Mesmo assim, Bigode está constrangido diante dos colegas que cercam a entrada obstruída pela corrente. “Bigode, não corta não”, repetem as vozes.


   Em frente ao portão, Bigode hesita. Em pé, ao lado dele, está o tenente-coronel Paulo César Timótheo, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, contingente que desde cedo e até agora, por volta de 12h30, conseguiu lidar com os manifestantes de forma mais ou menos pacífica, apenas com os empurrões e os golpes de cassetete de praxe. 


     O tenente-coronel negociou enquanto pôde com o vice-presidente do Sindser, Cícero Rolla, mas acaba de receber a ordem de abrir os portões. Comunica a decisão a Cícero, que sobe no portão fechado a cadeado e repassa a informação aos manifestantes. Do lado dos trabalhadores, a decisão é: “Nós não vamos abrir. Mas se a polícia quiser abrir, não vamos impedir”.


    Tudo certo. O único problema é Bigode, que continua indeciso. O tenente-coronel Timótheo resolve ele mesmo cumprir a ordem. Toma das mãos de Bigode o alicate gigante, desses que o pessoal da Novacap usa para cortar ferros, e se prepara para arrancar a corrente.


    Quase ao lado do comandante do 4º BPM, o assistente de topógrafo Paulo Sérgio Silva, delegado sindical, 36 anos, dois filhos, vê um oficial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) com o braço direito levantado, girando o dedo indicador em círculos. Paulo Sérgio não identifica o gesto, mas reconhece o próximo, que aprendeu em 1992, quando serviu o Exército e recebeu treinamento antimotim: o oficial do Bope flexiona o braço, como quem aciona o sinal para descer do ônibus.


   Paulo Sérgio entende o que o oficial diz em silêncio: “Urgente”. Só não entende a urgência, já que o tenente-coronel Timótheo se prepara para cortar a corrente e resolver de uma vez por todas a questão.


    Os manifestantes ainda ironizam em coro, ­ “Abre! Abre! Abre!”, ­ quando os soldados de Bope desabam sobre eles. Chove cassetete, gás lacrimogêneo, balas que se imaginava serem só de borracha, dessas capazes de, no máximo, deixar uma pessoa cega. Até que chega a confirmação de que o jardineiro José Ferreira da Silva morreu foi com chumbo no peito.



O APOCALIPSE, SEGUNDO JESUS


    A última ceia de Jesus antes do tiro que lhe arrancaria o olho foi feita de arroz, feijão e bife. Comeu dentro do caminhão. Almoça sempre no caminhão esse motorista que em novembro trabalhou também todos os sábados para aumentar o rendimento.


    A última ceia de Jesus Ferreira Machado é fria. Os trabalhadores que ele carrega todos os dias no caminhão, espremidos na casinha de zinco que torra ao sol e não impede a passagem da chuva, não se cansam de oferecer: “Deixa sua marmita esquentando aí na estufa, Jesus”.


   A estufa é uma conquista dos trabalhadores que cuidam de remendar o asfalto das ruas e por isso são chamados de “os pé-preto”. Eles mesmos construíram a estufa: madeira tosca pintada de amarelo, porta amarrada com arame enferrujado, isolamento térmico feito com borracha de pneu, quatro lâmpadas de 100 watts permanentemente acesas. 


    De manhã, os pé-preto botam na estufa as marmitas já meio mornas por causa da longa viagem de ônibus de casa até sede da Novacap, galgam os degraus de ferro da escada do caminhão-casinha, vão “para o campo”, e na volta, na hora do almoço, encontram a comida quase quentinha. A estufa aposentou as antigas latas de sardinha, com pregos espetados na borda para sustentar a marmita, que os trabalhadores enchiam de álcool e acendiam de longe para não atearem fogo aos uniformes vermelhos.


   Mas Jesus acostumou-se à comida fria, recusou mais uma vez a estufa quando chegou hoje de manhã e encontrou o portão obstruído pelos trabalhadores. Foi obrigado a dar a volta até a entrada alternativa, pelos fundos. Entrou, mas agora não pode sair, a não ser a pé: os manifestantes interditaram também esse portão, com uma kombi atravessada. Por isso, ele espera. 


    Jesus almoça, vê os colegas motoristas jogando baralho para matar o tempo. Dois deles resolvem dar uma olhada na assembleia. Jesus vai com eles. Os colegas voltam, Jesus fica. Olha de longe, diante da parada de ônibus, a uns 100 metros do portão onde o coronel Timótheo se prepara para abrir a corrente com o alicate gigante. E é então que o apocalipse começa.


    Jesus ouve as explosões das bombas e tiros, respira a fumaça que cobre tudo, vê os manifestantes correndo desesperados na sua direção, os policiais atrás, abrindo fogo. Tenta contornar a parada de ônibus para se esconder atrás do concreto. Mas antes dá uma última olhada para trás: é quando a bala de borracha entra no seu olho direito. Jesus leva a mão ao rosto, sente o sangue, percebe o globo ocular projetado para fora.


   “Não posso dizer que foi azar, que eu estava no lugar errado”, desabafa Jesus, sete dias depois, sentado no sofá da casa onde vive com os pais, no Recanto das Emas. “Eu estava no lugar certo, o lugar onde eu trabalho. Os policiais é que estavam errados, chegaram chutando e atirando em trabalhadores que só queriam defender seus direitos.”



MAR DE BOMBAS E CASSETETES


   O técnico em desenho da Terracap Cícero Rolla, vice-presidente do Sindicato, acaba de descer do portão onde comandou a mini-assembleia relâmpago que decidiu não abrir, mas também não impedir que a polícia abrisse o portão. 


    O marceneiro Cláudio Cesar Cabral está sentado no chão, do lado de dentro da cerca. É o único: todos os outros manifestantes estão sentados, mas do lado de fora. Cláudio quer ficar onde está: “Não tô atrapalhando ninguém”, argumenta. Acaba convencido por Cícero a sair dali, para não parecer provocação. Minutos depois, Cláudio estará cego.   


    Depois de convencer Cláudio a sair de onde estava, Cícero vê o tenente-coronel Timótheo preparando-se para cortar a corrente com o alicate gigante. “Foi aí que ouvi o papoco: Buuuuffff...”, conta Cícero, uma semana depois. “Olhei e vi a tropa do Bope vindo para cima. Era um mar de cassetete, bomba, gás, tiro, os companheiros caídos, os policiais pisando em cima deles e batendo, o Brucutu jogando água. Ficou tudo branco de gás. Vi que até os policiais do 4º Batalhão estavam atordoados, sem saber o que fazer, apanhados de surpresa do mesmo jeito que a gente.”


   Cícero olha para o outro lado da cerca e vê Valtene de Oliveira Ramos, companheiro do sindicato, caído no chão. Valtene observava o tenente-coronel Timótheo começando a cortar a corrente quando o Bope chegou. “Nem me preocupei, porque achei que eles iam só se posicionar perto do portão, para dar segurança ao coronel Timótheo, que já estava abrindo a corrente. Mas eles chegaram pisando e batendo”, conta Valtene, dias mais tarde.


   Valtene consegue se levantar e começa a correr, mas uma bomba explode bem na sua frente. Ele cai, recebe chutes nas costas. Vem outra bomba, dessa vez de gás, e mais e mais chutes. Valtene fica caído. Cícero tenta levantar o companheiro, pede ajuda a outros dois manifestantes. De repente, um reforço inesperado: o próprio tenente-coronel Timótheo corre e ajuda a carregar o inimigo. (Não se conhecerá, por parte da polícia, nenhuma outra tentativa de socorro.) Os manifestantes e o oficial da PM carregam o ferido com um olho no céu, de onde chovem as bombas.


    Cícero olha em volta no exato instante em que a bomba explode no alto do carro de som, erguendo e derrubando três sindicalistas, entre eles o presidente do Sindicato, Francisco Alves de Souza. “Morreram todos”, pensa, enquanto corre na

direção do caminhão e acaba preso pela polícia. Cícero ainda não sabe que tem mais sorte do que os outros.



A CAMISA SUJA E O TERNO LIMPO


    Adelson José Ferreira ganha a vida plantando flores, embelezando a cidade. Tem 46 anos, mas parece mais velho por causa dos óculos fundo de garrafa. O olho direito é quase cego, nem abre direito; o esquerdo tem nove graus de miopia. Adelson enxerga pouco, mas nesta quinta-feira vê mais do que gostaria. 


    Adelson não vê as três balas de borracha que dilaceram a pele das costas. Mas vê, depois que tudo termina, o secretário de Segurança, Paulo Castelo Branco. São dois homens em tudo diferentes, que talvez jamais ocupassem o mesmo lugar no espaço, não fosse essa guerra na qual lutaram em lados opostos. O secretário usa terno e gravata. Adelson tem a camisa suada e suja de sangue, que arranca diante do secretário, para que ele veja as marcas das balas.


    “O governador Roriz prometeu 28% de reajuste, mas o que ele fez foi mandar atirar em nós”, desabafa o homem que planta flores.


    “O culpado é o sindicato de vocês, que sabia que isso acontecer”, responde o homem que estava ali para comandar o exército inimigo.


    O jardineiro vira as costas marcadas para esse homem que, de tão limpo ebem-vestido, nem parece ter acabado de vencer uma guerra suja.



QUATRO FILHOS, DOIS NETOS, SEIS BALAS


   Quando criança, Cláudio fazia cinzeiros, chaveiros, prateleiras, carrinhos, tudo de madeira. Era natural que virasse marceneiro. Era natural também que sonhasse entrar para o serviço público. O estranho é ver a polícia alvejando um marceneiro pelas costas, ainda que com bala de borracha. São seis tiros nas costas, um no braço e o último, o pior de todos, no olho esquerdo.


   A poucos metros e quase ao mesmo tempo, o operador de máquinas leves Francisco Teixeira, que na última eleição votou no governador Joaquim Roriz, também recebe sua cota de balas: seis, no total. Francisco, quatro filhos e dois netos, cai. Quando levanta, recebe mais um tiro. Cai de novo e, no chão, recebe outra bala, acompanhada de um jato d'água.


    Francisco vê Cláudio caído, com sangue jorrando do olho. Tenta ajudar, mas não aguenta. Acena para o secretário de Segurança, Paulo Castelo Branco, e o secretário de Obras, Tadeu Filipelli, pedindo ajuda. 


    Eles negam, assim como antes o comandante de Planejamento de Operações da PM, coronel Jair Tedeschi, havia ignorado os apelos para socorrer o jardineiro José Ferreira da Silva e o servente Sidnei Borges da Cunha, caídos a poucos metros das solas de seus sapatos. (José morreu; Sidnei sobreviveu, com um golpe de cano de espingarda no supercílio e alguns chutes nas costas, pernas e olho direito).


   Francisco, que até ganhou do governador o lote onde mora, no Riacho Fundo, hoje diz que é muito grato, mas que não vota nunca mais nem em Roriz, nem em Filipelli. 


    Ele, que antes evitava assembleias, depois do acontecido participou de duas manifestações numa única semana. É que algumas ações acabam gerando reações contrárias.



UMA LIÇÃO PARA MATEUS


   Dentro de quatro meses, Mateus vai ganhar um irmão. Joelma teve Mateus com 16anos e, agora, aos 21, espera o segundo filho. Apesar da barriga de cinco meses, Joelma Nobre, técnica em edificações da Novacap que mora em Samambaia, está em pé diante do portão obstruído pelos manifestantes. Esteve ali pela manhã, almoçou ao meio-dia no self service da empresa e agora está de volta à assembleia.


   Pensou em ficar sentada em frente ao portão, esperando o coronel Timótheo abrir a corrente com o alicate gigante e gritando “Abre! Abre! Abre!” junto com os outros manifestantes. Mas achou mais prudente permanecer em pé, por causa da barriga, que dificultaria o ato de se levantar às pressas, caso a polícia resolvesse bater. Há um ano e dez meses na empresa, Joelma participou de outras manifestações, conviveu com sindicalistas, sabe que essas coisas acontecem, mas não imagina nada mais grave que alguns golpes de cassetete, e só.


    É por causa da barriga que Joelma está de pé no instante em que o coronel Timótheo vai cortar a corrente e acaba interrompido pelo Batalhão de Operações Especiais, que começa não só a bater de cassetete, mas também a jogar bombas de gás lacrimogêneo e atirar contra os manifestantes. 


    Apesar da barriga, Joelma consegue escapar dos cassetetes e da fumaça do gás. Mas não da bala de borracha, que talvez atingisse a base da barriga de cinco meses que abriga o irmão (ou a irmã, não se sabe ainda) de Mateus,  não tivesse ela a sorte de virar de costas no exato instante do disparo.


   “Levei um tiro”, grita Joelma. Um colega agarra sua mão, outro grita: “Continua correndo, não para!”. Joelma continua correndo.


   Uma semana depois, o ferimento ainda não cicatrizou, talvez por culpa dos hormônios enlouquecidos pela gravidez. O ferimento dói e segue minando pus. Joelma não pode dormir de bruços por causa da barriga, nem de costas por causa do tiro. 


    Mas o mais difícil é encontrar uma explicação para Mateus. Desde pequenininho, o filho chora quando vê um policial na rua. Joelma passou os últimos anos ensinando: “Não fica com medo, Mateus. A polícia só bate em quem faz coisa errada”.


    Então, Mateus pergunta: “Mamãe, o quê que você fez de errado”? 

A mãe não sabe o que dizer ao filho.



O SORRISO DO ATIRADOR


    Deve ter uns 25 anos o moço de uniforme rajado. Passou pelo treinamento que os recrutas definem como “impossível”. Levou bofetadas dos oficiais e surras de galhos de buriti para aprender a ser homem, passou noites sem dormir e horas e horas mergulhado até o peito na água fria. Mas agora parece satisfeito com seu trabalho.


    Às vezes, o moço vestido de onça desaparece envolto na cortina de gás lacrimogêneo. Mas quando o vento desfaz a fumaça, o manifestante que interrompe por alguns instantes a fuga das bombas, dos tiros e dos golpes de cassetete percebe o sorriso do moço, emoldurado pelo capacete que tem o visor levantado.


    O soldado do Bope se anima. Começa a pular, enquanto atira nos manifestantes com a espingarda calibre 12 que aloja no mecanismo interno balas de borracha (ou de chumbo, quem sabe?).


    Quando a fumaça desaparece um pouco e o estouro das bombas e dos tiros é momentaneamente menor, percebe-se que o soldado ri, pula, dispara e grita: “Isso aqui é o Bope, galera! Isso aqui é o Bope, galera!”.


    A galera corre em desespero. Mas alguns ficam estendidos no chão. Entre eles, um morto e dois cegos.




 
 
 

Comments


bottom of page